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Este tema me foi desafiado por alguém que de uma forma sutil elogia ou critica tudo que escrevo e penso, o que a torna superimportante, pois pessoas como eu crescem com a crítica e a diversidade de opiniões, pessoas como eu aprendem ou pelo menos tentam aprender e querem aprender. Vamos à civilidade, busquei leituras a respeito do tema proposto e até dicionários para torná-lo mais "palpável".
Enfim, na internet, achei uma definição interessante e que atende parte do que quero escrever. Civilidade: "conjunto de formalidades, de palavras e atos que os cidadãos adotam entre si para demonstrar mútuo respeito e consideração; boas maneiras, cortesia, polidez". Existe diferença entre civilidade e civismo, zelo em contribuir para o progresso da Pátria, segundo Aurélio (online 2019). Vivemos um momento de grande civismo, quando alguns líderes se levantam contra a corrupção e tudo que vai contra o bem do povo. Espera-se de políticos sérios não roubar, não corromper. O roubo, bem pior do que a incompetência, tira voluntariamente os leitos hospitalares, põe as crianças na rua e joga os idosos em todos os tipos de abandono.
Porém, a civilidade é o que nos mantém como seres humanos, pautados pelo respeito.
Esse jeito de ser e conviver, no entanto, deixou de pautar a vida de muita gente. Por motivos ainda a serem estudados, mas certamente com origem na crise educacional das últimas décadas, a falta de civilidade é hoje uma ameaça à sociedade brasileira. É por isso, por exemplo, que, num dia de chuva, há quem passe de carro em alta velocidade por uma poça de água acumulada sem se preocupar se um pedestre vai ser atingido. Um ato que pode parecer tão banal, na verdade, é a síntese de uma população que perdeu a empatia, a capacidade da vida em comum.
A civilidade é um exercício diário, aprendido e ensinado a todo o momento. Eu diria que, em especial, ensinado pelo exemplo. Investir em civilidade é uma urgência real para a sociedade brasileira. Parece estar cada vez mais distante o tempo em que se fazia isso. Antigamente eram comuns pais, educadores, escolas, instituições religiosas e culturais em geral investir nesse processo formativo, pelo qual o respeito pelas pessoas, instituições, posturas e ideias era uma espécie de lema. Hoje, vemos diariamente posturas desrespeitosas, até mesmo de lideranças que deveriam ser exemplos. Parece que ações de civilidade estão fora de moda. Agradecer, desculpar-se e pedir licença foram esquecidos. A máxima "gentileza gera gentileza" não foi assimilada.
O mundo atualmente defronta-se com problemas significativos como intolerância religiosa, aquecimento global, crise financeira e corrupção, entre tantos outros, mas certamente essas situações poderiam ser amenizadas e, quem sabe, até resolvidas com civilidade. É dessa forma que chega-se ao diálogo, ao respeito, ao aprendizado. O mundo pode ser outro com atitudes simples como não colocar lixo no chão, não jogar pela janela do carro a lata de cerveja que acabou de ser consumida ou a embalagem do saco de biscoitos. Isso é gentileza para com o ambiente.
Agir dessa forma não depende de saldo bancário nem de formação universitária. O lixo, o descuido e o desprezo que se espalham, por exemplo, por lugares públicos, é fruto do descaso com que lidamos com aquilo que a nós também pertence. Deparamos diariamente com pichações, quebradeiras, destruição dos espaços públicos, além do roubo constante daquilo que pertence a todos, e já não nos chocamos, não nos indignamos. Temos de aprender civilidade, exercer e cobrar de todos e de forma especial de nossos representantes (políticos eleitos) e servidores. Porém, para construirmos uma grande nação, não são só essas figuras que devem exercer civilidade, mas todos nós. O mais importante de tudo é sermos gentis com tudo e com todos e isso nos inclui nesse processo de aprendizado da civilidade. Acho muito interessante o que Gloria Kalil (jornalista, empresária) escreve, o que vem ao encontro do que penso: "Nada denuncia mais o grau de civilidade de um país e de um povo do que o modo de tratar a coisa pública e a coletividade."